domingo, novembro 11, 2007

Memórias dos acabados!

*Artigo de Nuno Markl - para a geração dos 30

*A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida. E está
perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje
rondam os trinta. O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando
lhe falei no Tom Sawyer. "Quem? ", perguntou ele.
Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus... Como é que ele consegue

viver com ele mesmo? A própria música: "Tu que andas sempre descalço, Tom
Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e
além..." era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.

Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não
conhece outros ícones da juventude de outrora. O D'Artacão, esse herói
canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil,
combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos
jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que
dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick
Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super Mulher, heroína que nos

prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas,
lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical,
não é a mesma coisa. Naquela altura era actual... E para acabar a lista, a
mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração :

O Verão Azul. Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não

chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem,
meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.

Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não
passaram,

o que os torna fracos: Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de
uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser
duplo de cinema. Ele não se transformava num super-herói quando brincava com

os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos

nas obras e que depois personalizávamos.

Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou
chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.


Confesso, senti-me velho...

Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem,
por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em
que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à

toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft.

Óbvio,
nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a
fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai,
está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e fazer exames a
possíveis infecções, e depois está dois meses em casa fazer tratamento a uma
doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo "Moleculum
infanticus", que não existiam antigamente.

No meu tempo, se um gajo dava um malho muitas vezes chamado de "terno" nem
via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra
espalhada por cima não estancasse.

Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas,
porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura
aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na
droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num
prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para
a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a
geração
que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos
chamavam geração "rasca"...

Nós éramos mais a geração "à rasca", isso sim. Sempre à rasca de dinheiro,
sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na
universidade, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o
carro. Agora não falta nada aos putos.

Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se
juntar e para servir de presente de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é
Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo.

Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele
pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela
versão da bicicleta.

Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que
8 em cada dez putos sejam cromos.

Antes, só havia um cromo por turma. Era o totó de óculos, que levava porrada
de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas.

É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma
empresa de computadores, mas não curtiu nada."


(Nota: ...os chocolates n eram gamados no "Pingo Doce"... Ainda se chamava

"Pão de Açúcar"!!!)

24 comentários:

Tó Mané Homem disse...

Quem não se lembra do farrajota a atravessar m8 quase nu, depois de ter caído dentro dum bidão de alcatrão!
Não tenham vergonha de postar aqui algumas desventuras!

o burro da grã disse...

já há bué que ñ ouvia tantas verdades juntas! nem mais, viva a geração à rasca!!!

destruction disse...

bem dito,é mesmo verdade,os putos hoje em dia são na maioria mesmo uns coitadinhos e uns mimados do esterco...não lhes falta quase nada e por pouco ou nada tem que lutar...a papinha já foi feita pelos mais velhos...

Tó Mané Homem disse...

Se a mota do Ti' Caldeira falasse...

Anónimo disse...

ekipa do faz mal SEMPRE

destruction disse...

não sei se estás a falar de uma moto em que uma noite transportava 3 pessoas,mas acho que não era eu nem tu Enkidu...

Tó Mané Homem disse...

Eu que me lembre andei 2 vezes, sempre como pendura, mas acho que toda a gente andava!
Uma vez numa missadela rodou a noite toda.
Outra vez meteu bófia e tudo, a minha sorte foi que eu não sabia andar:)

Dennis disse...

Roubavam tudo...gaiatos dum cabrão!!! Uma vez até gamaram o carro de burro ao bordas p irem andar para a estrada da estação!!!!

Anónimo disse...

a equipa do faz mal já é um bocadinho mais nova que a geração raska mas que eles andavam muitas vezes á raska ca bófia, lá isso andavam. perdeu-se um icone de montoito com o desmantelamento desta rede organizadissima.

Brasileiro disse...

Então alguèm s alembra ainda do "Zè Gato", A primeira série policial portuguesa?? E de jogar ao "Futebol Humano"? E ao "alho"?? Jà n se veem putos jogar ao alho...è uma misèria de juventude!!!

Anónimo disse...

Houve a mutação para o Gang da Fumaça!

destruction disse...

os miudos hoje em dia não podem jogar futebol humano ou ao "lá vai alho" sem proteção:capacete joelheiras e cotoveleiras,e sem o acompanhamento de uma ambulancia e um psiquiatra no caso de se sentirem mal...sem comentários..

Dennis disse...

e à inteira com mãos, catatumba, pinche e injecção...

Anónimo disse...

E o jogo da "axenitra", o jogo do funcho, quem se lembra?
Só se for o pessoal da geração Rasca, porque os do Gang da Fumaça ainda nadavam de colhão para colhão.

Anónimo disse...

e jogar á cinturada com o muro do parque a fazer de coito. e ás escondidas no campo da bola

Wrathchild disse...

E à Voltinha?
E ao Jogador?
E ao Túnel?

Anónimo disse...

Ao berlinde, ao pião, às setas nas árvores e na cabeça do marrana, à pedrada... Pois é, já imaginaram se os gaiatos jogassem hoje à pedrada?? As mamãs até se passavam... Os jogos intermináveis contra o Aldeense (que na altura nem nome tinha...). Saltos de biciclete, saltos das pontes da vigia. (se fosse hoje, pensariam que era suicidio de algum menino e ia fazer companhia ao Farrajota...)! Vamos organizar uma petição... LIBERTEM O FARRAJOTA!!! esse rei dos tempos antigos, sobre os telhados e a roubar a própria mãe só para agradar ao pessoal, com revistas porno e chocolates. E tantas outras coisas...

Anónimo disse...

kagar á porta das pessoas é que era curtir

Dennis disse...

Não sei se reparam mas temos um novo membro nos Acabados. Neste caso, a primeira Acabada, Zabel Barata in the house!!!

Anónimo disse...

libertem o farrajota? então ele tá encarcerado?

Dennis disse...

tá "ensarrado" oh surpente!!!! :)

Dennis disse...

Um termo que não ouvia há muito tempo: "és um calhandrêro, andas sempre na calhandrice". Bom!

o burro da grã disse...

hiii, essa dos ténis novos ia-me valendo uma sova, os meus ritex novinhos em folha duraram uma tarde! fui ao sapos na ribeira que estava onde é agora o casão do laio e bem... a lama e a merda era tanta que já não houve nada a fazer só lixo... e uma sova... que diga-se de pasagem era bem dada...

Anónimo disse...

devia era ter sido maior